Não esquecemos a epidemia de Ébola que assolou a Serra Leoa em 2014 e 2015. Mas desde esse drama trabalhámos com afinco, para tentar evitar que volte a acontecer com a mesma força dramática, e nasceram várias colaborações com centros de pesquisa de excelência para estudar a epidemia, conter o contágio, avaliar a eficácia e a distribuição da vacina.
Ontem, no World Economic Forum (WEF) de Davos, Bill Gates citou os dados do estudo mais recente em que trabalhámos juntamente com a Fondazione Bruno Kessler de Trento, e que foi publicado pela revista internacional PLOS Neglected Tropical Diseases.
O estudo foi dedicado às estratégias de utilização da vacina do Ébola, para conter futuras epidemias. A disponibilidade de uma vacina eficaz aumentou a esperança de podermos evitar epidemias devastantes como a que passou. No entanto, o problema é que não é possível vacinar preventivamente toda a população, como se faz normalmente com as vacinações infantis, porque só estão disponíveis cerca de 300.000 doses de vacina.
“Colocámo-nos então a questão – explica Stefano Merler, investigador da Fondazione Bruno Kessler – de como utilizar as doses de vacina disponíveis para conter uma futura epidemia e demonstrámos que vacinar os contactos dos casos de Ébola, por exemplo, os familiares deles, e estender a vacinação também aos contactos dos contactos, pode permitir conter futuras epidemias”.
O debate no World Economic Forum destaca um reconhecimento adicional da investigação operativa, que tem o dever de responder às necessidades das populações e dos territórios para melhorar as suas condições de vida. Estamos orgulhosos deste resultado, porque a medicina dos países mais pobres não deve ser pobre, mas sim responsável e baseada em evidências científicas.
Este nosso trabalho em colaboração com a Fondazione Bruno Kessler não teria sido possível sem a ajuda de toda a população local e dos nossos voluntários no campo.
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